O aumento da demanda por espaços de armazenagem em galpões pelas empresas de comércio eletrônico e a busca de ocupantes por áreas mais modernas e melhor localizadas (movimento conhecido como “flight to quality”, no jargão do setor imobiliário) resultaram no crescimento de 50% da área locada de galpões da Global Logistic Properties (GLP), no primeiro semestre, na comparação anual, para 170 mil metros quadrados.
Desse total, 70% foi contratado por clientes que já faziam parte da carteira da maior desenvolvedora de galpões com atuação no Brasil, que buscaram expansão ou readequação das áreas ocupadas. “Se a economia volta a crescer, o efeito é positivo na demanda por galpões”, afirma o presidente da GLP, Mauro Dias.
Por enquanto, a GLP já entregou 210 mil metros quadrados em 2019. Há outros 190 mil metros quadrados de galpões a serem concluídos até o fim de ano, como o centro de distribuição cujo contrato foi fechado no modelo de construção sob medida para o Grupo Pão de Açúcar (GPA) em Duque de Caxias (RJ). Os investimentos destinados pela GLP para o total de 400 mil metros quadrados de galpões – incluindo novos projetos e expansões dos já existentes – somam R$ 530 milhões.
Nos últimos 12 meses, a GLP captou R$ 1,4 bilhão no mercado. A operação mais recente se refere a certificado de recebíveis imobiliários (CRI) de R$ 193 milhões, com prazo de 16 anos e taxa de Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPCA) mais 4,5% ao ano.
Segundo o executivo, está previsto o desenvolvimento de mais 500 mil metros quadrados de galpões no biênio 2020-2021. A maior parte dos terrenos da GLP para esses projetos se localiza no raio de 30 quilômetros do centro da cidade de São Paulo. Esta é a região mais demandada por empresas ocupantes e a que costuma ter os maiores preços de locação pedidos por metro quadrado. Dos projetos com entrega em 2019, a maioria está no Estado de São Paulo, e há empreendimentos também no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.
Da área total locada de 3 milhões de metros quadrados de galpões da GLP, 36% é ocupada por clientes relacionados ao comércio eletrônico, parcela que não chegava a 20% cinco anos atrás, de acordo com Dias. A taxa de ocupação do portfólio estabilizado da empresa está em 95%.
No primeiro semestre, os preços de locação dos imóveis da GLP ficaram estáveis em R$ 22 por metro quadrado. A expectativa é de “alguma recuperação de preços até o fim do ano”, segundo o presidente da desenvolvedora de galpões. “Não houve nenhuma recuperação que possa se destacar no primeiro semestre. Com a queda da vacância do mercado, será natural que isso ocorra”, diz o executivo.
O mercado brasileiro de galpões tem, além da GLP, Goodman Brazil Logistic Partnership (GBLP), Prologis Brasil e Log Commercial Properties como principais competidores. Recentamente, a Log informou que avalia desenvolver 400 mil metros quadrados de galpões, um adicional de 10% aos 4 milhões de metros quadrados já aprovados em seu banco de terrenos. A GBLP planeja quintuplicar, em cinco anos, seu portfólio de 300 mil metros quadrados de galpões.
Dados da consultoria CBRE apontam que o segmento de galpões fechou o segundo trimestre com taxa de vacância de 20% no Estado de São Paulo, abaixo dos 20,8% do primeiro trimestre. De abril a junho, a absorção bruta – total de contratações – de áreas foi de 509,7 mil metros quadrados e, no semestre, somou 1,082 milhão de metros quadrados. A absorção líquida – contratações menos devoluções – chegou a 300 mil metros quadrados no segundo trimestre, abaixo dos 356,9 mil metros quadrados de janeiro a março.
O mercado paulista recebeu novo estoque de 242,1 mil metros quadrados de galpões no segundo trimestre, alcançando a oferta disponível de 2,6 milhões de metros quadrados, de acordo com a CBRE.
No Estado do Rio de Janeiro, a vacância ficou em 29,1% no segundo trimestre, praticamente estável ante os 29,2% registrados de janeiro a março. Não foram entregues projetos, entre abril e junho, no mercado fluminense. Houve absorção bruta de 62,3 mil metros quadrados e absorção líquida de 3,3 mil metros quadrados, conforme a CBRE.
Fonte: Valor Econômico
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