Com o impacto do crescimento repentino do comércio eletrônico, operadoras e outros elos da cadeia logística precisaram se adaptar para atender ao novo perfil de entregas. As empresas do setor passaram a investir no conceito last mile, última milha logística, para chegar mais perto do consumidor e entregar produtos fracionados no menor tempo possível.
“O grande desafio para o e-commerce é o tempo de atendimento”, diz Gilberto de Lima Júnior, diretor de operações no Brasil da francesa ID Logistics, que opera no ramo de armazenagem. A tendência, ele prevê, é a pulverização de pontos menores de distribuição para levar o produto mais perto do cliente final, em menor tempo.
A ID Logistics tem mais de 40 centros de distribuição (CDs) no país, com mais de 812 mil m² de armazenagem, destinados à logística de empresas de grande porte nos segmentos de varejo, industrial, produtos de giro rápido do cosmeticos e e-commerce. Para as operações de e-commerce, são 150 mil m².
O boom digital levou a companhia a abrir três CDs de menor porte em 2020 em Contagem (MG), Brasília e Cajamar (SP), abastecidos a partir de CDs centrais. A empresa investiu também na atualização do sistema de gerenciamento de pedido, em equipamentos e estrutura de armazenagem dentro dos CDs, para aproveitar espaços.
A Jadlog, que atua no segmento de movimentação de cargas expressas fracionadas por meio do sistema de franquias, investiu R$ 30 milhões para fazer frente ao aumento de 150% nas entregas entre março e setembro, ante igual período de 2019. O valor incluiu aumento de 50 veículos na frota de caminhões e do espaço físico em oito das 17 filiais, que triplicaram de tamanho, além de mecanização, automação e novas filiais.
A empresa também antecipou o lançamento de um hub em Joinville (SC), para atender o Sul, e de outro em Salvador, para o Nordeste. “Nos preparamos para um novo patamar de volume, que acredito ter vindo para ficar”, diz Bruno Tortorello, presidente da Jadlog. Cerca de 70% das operações são voltadas para o comércio digital.
“O crescimento do e-commerce foi um contraponto importante à forte queda no varejo”, diz Ramon Alcaraz, diretor responsável por operações urbanas da JSL Logística. O grupo comprou, no final de setembro, a Fadel, que opera com vendas eletrônicas. O volume de operações on-line dessa empresa, que tem como clientes a B2W e o Mercado Livre, triplicou na pandemia. “Nosso objetivo é crescer nesse segmento”, afirma Alcaraz. O forte crescimento do comércio eletrônico também beneficiou a Movida, empresa de locação de veículos do grupo, com a grande demanda de vans para entrega dos produtos comprados on-line.
Para reforçar suas operações de e-commerce no país, a Fedex conta desde outubro com um novo centro de operações logísticas em Cajamar (SP), a maior estrutura logística da empresa na América Latina, com mais de 50 mil m² e 55 mil posições paletes, e com uma nova filial em Curitiba, aberta em setembro. A empresa investiu ainda no aumento de capacidade de seus centros de operação em Queimados (RJ) e Viana (ES).
Em setembro, a empresa começou a operar seus voos semanais de ida e volta entre seu hub global, em Memphis (EUA), e o aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). “O e-commerce é prioridade para nós e, para atender ao crescimento da atividade no Brasil e no portfólio de serviços”, diz Eduardo Araújo, diretor de logística.
Com aumento de 134% nas locações logísticas entre janeiro e setembro, em relação a igual período de 2019, para um total de 3 milhões de m², 58% dos quais locados para o comércio eletrônico, a GLP Brasil aposta na continuidade do crescimento desse segmento. Em 2020, até setembro, alugou 460 mil m² de novas áreas, 70% das quais para e-commerce.
De acordo com mauro Dias, presidente da GLP, a companhia começou a construir mais 500 mil m², que devem ficar prontos em 2021, em um raio de 30 km em torno de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em 2020, ficam prontos 300 mil m² de novos galpões.
Fonte: Valor Econômico
Matéria: Gleise de Castro